Samuel Muankongue nasce em Mueda no ano de 1974 e a sua prática de escultor não pode, porventura, dissociar-se do percurso que viu a sua mãe, Reinata Sadimba, fazer: certamente o terá contaminado, instruído, mas também terá sido à sua revelia que procurou um caminho singular. Efetivamente, Samuel, pese embora as anamorfoses identificáveis nas suas obras e que são simpatias retratadas, ou seja, relações estabelecidas entre os mundos interior e exterior, pode considerar-se um naturalista. Por outro lado, é percetível o gosto que Samuel Muankongue reserva às representações de figuras em par ou agrupadas, insistindo por tal nos diálogos, nas relações, nas ínfimas transfusões anímicas que se tecem entre os seres vivos: fá-lo orgânica e naturalmente, com rasgo formal e toda a lisura, como se se aproximasse dessas pessoas com o máximo cuidado.

Samuel Muankongue esculpe numa escala de pequenas dimensões e exibe algumas marcas que conferem identidade e singularidade às suas obras: a anamorfose, então, e a forma como veste as figuras. São observáveis ocasionalmente situações em que nos mostra mãos gigantes, desproporcionadas relativamente ao restante, a darem conta dessa qualidade do prensar dos afetos, ou mesmo cabeças mais destacadas em face do corpo, a representarem a vida exata das personagens que esculpe com atenção. Samuel Muankongue, portanto, criou um coração-próprio como artista, e como observador.