Celebre-se a Escultura.

A corporização dos mundos interiores.

Os sentimentos de mármore e barro feitos matéria.

O fantástico conjurado para desvendar a realidade.

Celebrem-se os encontros.

Os hemisférios virados de cabeça para cima.

Os seres que nascem quando a linguagem vem das mãos.

Celebrem-se os outros, que assim nos esculpimos a nós.

Reinata

Consensualmente tida como a mais importante ceramista contemporânea do continente africano, Reinata Sadimba parte da tradição folclórica da etnia Makonde para criar objetos emocionais tão individuais quanto grupais: nas suas peças, a sátira apropria-se da preservação, a crítica convive com a exaltação histórica, a reflexão mascara-se de ritualismo.

É justamente o profundo entranhamento das convenções estéticas e culturais Makonde que lhe permite tão cuidada subversão. O surrealismo formal das suas criações é a materialização do fantástico que lhe corre nas veias, na pele e na interpretação.

Paulo

Paulo Neves é um dos escultores lusos mais apreciados além-fronteiras e, simultaneamente, um dos mais importantes nomes da arte pública em Portugal. Apesar desta dupla distinção ser de assinalável raridade, é facilmente explicada pelo apelo universal das suas criações. Paulo Neves tem a habilidade única de imputar à influência das linguagens modernas europeias uma qualidade naturalista.

Se a sua mão liberta o minimalismo da frieza, a sua inventividade permite às formas orgânicas que o inspiram desprenderem-se da sua origem. A sua linguagem artística é tão concisa que aparenta ser de expressão inata - a marca inequívoca de um artista que persistiu toda uma vida até o alcançar.